terça-feira, 24 de agosto de 2010

Esqueça


Um copo com água...
Ele se levantou.
Nao tinha mais roupa limpa, revirou num monte de roupa que estava no chão e colocou o que estava menos amassado e menos fedido.
Nao teve como dar um jeito na sua cara, muito menos em seus pensamentos que viviam sempre em taquicardia, não, não errei o orgão. O coração já tinha terminado de morrer uns dias antes. Na concepção dele o coração que ele teve, que era cheio de sentimento começou a morrer, quando ele perdeu o seu primeiro amor, foi triste quando ela o deixou. Depois perdeu mais uma parte quando ele mesmo o deixou, era o fim do segundo amor. Perda de amor nao mata ninguem, era o que diziam pra ele. E a sua reposta era que se um coração ja não bate com força depois de ter perdido sua mobilidade que era o seu amor materno de maneira dolorosa como foi o caso dele, qualquer suspiro de sentimento que não dê certo paralisa, cria escara e fatalmente te leva a morte. E uns dias atrás ele estava suspirando pela ultima via que ele considerava, que era o desejo e se perdeu.
Ele acordou hoje para esquecer o amor.
Mas não tinha como não lembrar do trabalho e seu chefe não deixo de esquecer que ele não era mais o funcionario que sempre foi e se lembrou que poderia mandá-lo embora e assim o fez.
O aluguel também não esqueceu de chegar.
Então ele decidiu esquecer a vida profissional também.
Se esqueceu.
Foi andar e de andar e andar percebeu que nao edificou nada pra ele e que sua vida estava como um terreno baldio.
Encontrou uns meninos jogando bola e jogou com eles.
Encontrou flores no meio do caminho e só prestou atenção nos espinhos, não teve coragem de encarar o que era bonito.
Pagou pela puta mais feia
Bebeu as piores bebidas que fazia questão de não beber.
Comprou veneno
Bebeu mais
Prometeu pra puta que casaria com ela.
E como num rompante fez amigos, pela eternidade de uma bebedeira.
Foi pra casa com sua mulher, a que casou com outro músculo não o coração.
Se acabaram, e ele preparou a água com o veneno e deixou em cima do criado mudo.
Saiu pra comprar bebida.
Quando voltou estava divorciado, roubado e sem dinheiro.
Continuou bebendo.
Apagou.
Um copo com água...era o que ele precisava, a sede era tanta e ele bebeu toda água quase que num so gole.
Bebeu porque esqueceu.
Vomitou porque lembrou.
E sentiu seu coração bater mais uma ultima vez.
Depois não viu mais nada.
e se esqueceram dele.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como sempre, seu estilo continua inconfundível, meu querido amigo da DEDIC.

Quanto tempo e saudade!

Parabéns!

Beijo grande da

Esther Freixedélo ( como diz o Davis)